Posso dizer que são minhas revistas de cinema preferidas: a francesa Positif e a espanhola (catalã) Dirigido por… Eu, que adoro virar páginas de revistas e sempre sonhei em ter uma (até que tive a Paisà, que se tornou um pesadelo, mas um pesadelo do bem, que me abriu portas), não perco e acho que nunca perderei o prazer em abrir uma delas, folhear as matérias, pular para as que mais me interessam e depois resgatar as que ainda não tinha lido.
A Positif continua a mesma de trinta ou quarenta anos atrás no que diz respeito ao gosto, um tanto conteudístico e politizado demais, mas teve um aprofundamento na questão histórica, fazendo muito bem aquilo que a Foco defendia em seu prefácio, “lidar com todo o cinema feito até hoje”. É por isso uma revista superior aos Cahiers du Cinéma. Assim tem sido pelo menos há uns quinze anos.
A Dirigido por…, que é bem mais interessante que a Cuadernos de Cine, da Caiman, continua mesclando informação e profundidade de análise, super-heróis com o melhor da história do cinema, com uma vivacidade e uma paixão que eu só encontrei na Espanha, terra dos cinéfilos mais vigorosos. Seus dossiês se assemelham aos da Positif, e de certo modo ambas fazem um jogo importante em que o passado do cinema sempre merece revisitas e reavaliações.
Curiosamente, as duas lançaram edições comemorativas neste mês de junho. A Positif chegou ao seu número 700 com uma lista de preferidos da redação, num universo que vai de Visconti a Jiri Trnka. A Dirigido por… lançou seu número 500 e com ele uma enquete com os melhores filmes do século 21 (de 2000 a 2018), com Mulholland Drive de David Lynch no primeiro lugar. Além disso, celebra suas edições passadas, com todos que nelas colaboraram desde o número 0, de 1972 (capa Claude Chabrol).
P.S. A cobertura do 8º Olhar de Cinema continuará a qualquer momento com um balanço a ser publicado na Revista Interlúdio.