Em dezembro de 2016, fiz neste mesmo blog uma lista com meus dez filmes preferidos de Akira Kurosawa, aproveitando a revisão de vários filmes dele para uma aula. Desta vez, revi todos os filmes dele para um curso, menos um, Anatomia do Medo, e a lista mudou sensivelmente, assim como minha posição a respeito de alguns filmes que eu não havia compreendido bem até então.
Começando pelo fim: só tinha visto Madadayo quando estreou no Brasil, em 1994. Pareceu-me, na ocasião, um Kurosawa em banho maria, sem os hábeis truques de direção que costumam habitar seus filmes. Com 25 anos, não percebi a serenidade de mestre com o qual ele lidava com a vida pacata de um professor aposentado. Hoje, acho um belíssimo fechamento para uma carreira que prima pela coerência. Madadayo não figura no Top 10, mas não está muito longe dele.
Uma nova revisão fez bem a Trono Manchado de Sangue, meu preferido até ser desbancado, justamente em 2016, por vários filmes. Fez bem igualmente para os outros dois filmes terminais, Sonhos e Rapsódia em Agosto (este, sempre elogiado pelo Carlão Reichenbach, e só agora o entendo).
A fase mágica de Kurosawa confirma-se como a dos anos 1960, quando ele estabeleceu a Kurosawa Production por causa de pressões da Toho, que por sua vez era pressionada por outros diretores que não tinham os mesmos orçamentos reservados aos filmes do “imperador”. Até mesmo o mais fraco desses cinco filmes do período 1960-1965 conseguiu uma posição no ranking, embora em empate técnico com três outros filmes, Rashomon, Cão Danado e Os Sete Samurais, respectivamente 11º, 12º e 13º (talvez Madadayo, o 14º, também, uma vez que o filme cresceu mesmo na revisão). Talvez Rashomon mereça o 10º lugar. Como ele caiu um pouco na última revisão e Sanjuro subiu, acabei preferindo o segundo.
O Top, então, ficaria assim (em ordem de preferência, mas quando estão agrupados na mesma posição é que eles praticamente se igualam no meu coração):
- Não Lamento Minha Juventude (1946)
Homem Mau Dorme Bem (1960)
O Barba Ruiva (1965)
Trono Manchado de Sangue (1957)
- Yojimbo (1961)
Kagemusha (1980)
Céu e Inferno (1963)
- Viver (1952)
Ran (1985)
Dersu Uzala (1975)
- Sanjuro (1962)
* observação: Filipe Furtado notou que a lista tem 11 filmes. Nota 0 em matemática para mim. Vou manter porque gostei de ideia de ter Sanjuro num Top 10. Faz de conta que é um apêndice de Yojimbo (risos).