O blog precisa ser atualizado. Revi uma série de filmes de Akira Kurosawa. Não tenho tempo para comentá-los com maior profundidade. A união desses três fatos sugerem um Top 10 do diretor, uma vez que na última série de revisões de suas obras a ordem e até a presença de filmes no panteão mudou consideravelmente.
Cresceu demais, por exemplo, o quinto longa dirigido pelo diretor: Não Lamento Minha Juventude (que a Versátil lançou com o título menos poético Juventude Arrependida). É o filme que ilustra este post. Um primor de encenação, muita influência de Dovjenko e outros cineastas russos dos anos 20 e 30 além da facilidade para alcançar uma poesia que não é pré-fabricada.
Na série de revisões anterior, dois filmes que haviam subido imensamente continuam no pódio: Homem Mau Dorme Bem e O Barba Ruiva. Outro que havia subido caiu um pouquinho: Cão Danado. Kagemusha foi revisto no começo do ano para um texto da Folha e cresceu horrores também. Penso ser seu melhor filme de samurai, embora entenda as objeções de Donald Ritchie (atores muito teatrais, Tatsuya Nakadai exagerado).
Continuo achando Floresta Escondida um de seus filmes mais superestimados. Não sei se a boa vontade com esse longa vem da declaração de George Lucas, que se inspirou na dupla de fugitivos para compor C3PO e R2D2, mas entendo que a força do filme reside apenas na presença da atriz que faz a princesa, a novata Misa Uehara, que depois fez alguns poucos filmes, incluindo trabalhos com Hiroshi Inagaki e Kihashi Okamoto, e se retirou da carreira cinematográfica, infelizmente. Seria legal ver o que a geração da Nouvelle Vague aprontaria com essa presença de imensa força.
1) Não Lamento Minha Juventude (1946)
2) Homem Mau Dorme Bem (1960)
3) O Barba Ruiva (1965)
4) Kagemusha (1980)
5) Ran (1985)
6) Céu e Inferno (1963)
7) Yojimbo (1961)
8) Rashomon (1951)
9) Trono Manchado de Sangue (1957)
10) Viver (1952)
obs: Lamentavelmente ficaram fora deste top (mas poderiam entrar em outros dias), os longas O Idiota (1951) e Dersu Uzala (1975). Adoro alguns outros filmes dele, como o primeiro A Saga do Judô (seu primeiro longa), Os Sete Samurais e, ainda, Cão Danado, mas não a ponto de figurar entre os dez mais.
Sergio, e o Kinugasa? Pelo menos 2 obras primas…
sem dúvida.
Tô pra conhecer filme que tenha uma direção de arte mais primorosa que Kagemusha.
Sérgio, como professor e estudioso do cinema japonês, você poderia fazer um ranking com os dez melhores diretores japoneses de todos os tempos? Certo que o quarteto sagrado (Mizoguchi, Ozu, Naruse e Kurosawa) tem vaga cativa neste ranking, quais seriam os outros seis a figurarem nesta lista?
sem pensar muito para não entrar em parafuso: Masaki Kobayashi, Kaneto Shindo, Shohei Imamura, Seijun Suzuki, Kiju Yoshida e Kiyoshi Kurosawa. Mais três: Nagisa Oshima, Tomu Uchida, Kinuyo Tanaka.
caramba, shimizu de fora desse top, sergio?
conhece pouco ou só prefere esses?
tá falando do Hiroshi, né? Faltaram ele, o Gosho, o Yamanaka, o Daisuke Ito, o Ichikawa, o Inagaki… Dá desespero. Vontade de fazer caber todo mundo… hehe
hahaha entendo
teshigahara também…
aliás pode apagar o meu comentario “e o teshigahara” . a ideia era responder aqui
Teshigahara até que não. Gosto muito de Mulher das Dunas, um pouco menos de Pitfall e Face de um Outro, embora sejam ótimos, mas não acho do mesmo nível dos anteriormente citados. Talvez o Shinoda mereça mais.