Assuntos cinematográficos diversos

Guerra, de José Oliveira e Marta Ramos

1. A era dos festivais online começou e pegou firme. Não pude acompanhar a Mostra de Tiradentes (exceto Cabeça de Nêgo, bom filme cearense) por estar encerrando um curso e iniciando outro. Mas o Olhar eu estou acompanhando na medida do possível, entre revisões de filmes e releituras para as aulas. Me parece ser, até agora, o que melhor resolveu a questão do streaming. Não travou um único filme, e vi vários, sempre com a maior qualidade possível.

A cobertura vem daqui a alguns dias, aqui mesmo neste blog. Abandonarei momentaneamente o formato diário, como foi no Olhar do ano passado, porque tendo que me virar com afazeres domésticos e com a preparação de aulas, o tempo livre é todo empenhado no visionamento de filmes. Alguns não foram vistos em condições ideias, sobre outros não tenho muito o que dizer neste momento (talvez tenha futuramente), e por isso farei comentários breves sobre eles. Outros me levam a pensar em questões diversas, não me policiarei se me afastar demais dos filmes em questão.

2. A Disney + vem aí, ao que tudo indica, para espectadores da Marvel e da Pixar se refestelarem. Os demais, terão de pensar se darão dinheiro para essa empresa ou se economizarão para coisas melhores. Se colocarem o acervo da Fox, o que duvido, até valerá a pena assinar. Mas uma empresa destinada à destruição não deve se render aos clássicos que compraram para deixar na geladeira. Provavelmente vão continuar transformando em lixo tudo que tocam, mas adoraria estar enganado.

3. – E a Mostra SP?

Ela vem aí. Acompanho de perto há trinta anos, e pela primeira vez será online. Versão reduzida, mais ou menos como era nos anos 1990. Que as projeções não travem é tudo que peço. Devo fazer uma cobertura aqui e na Folha.

– Indicações?

Os três filmes de Fernando Coni Campos, certamente. Apesar de serem os mais óbvios, são também os melhores. Indico também o português Guerra, dos meus amigos queridos José Oliveira e Marta Ramos. Sou suspeito também porque vi uma parte das filmagens e porque o filme se tornou uma homenagem ao falecido José Lopes, com quem tive conversas inesquecíveis sempre que o encontrei. Um ser humano fantástico, muito sábio, que não se rendia à prostituição do dia a dia, e por isso teve uma vida difícil. Pena que a Mostra este ano não será presencial, para que eu, José, Marta e Juliano (o Tosi) tiremos alguns campeonatos de sinuca. Mas que seja o primeiro filme de muitos desses meus talentosos amigos a serem exibidos no evento.

– Só esses?

Tem mais, claro. O novo do Tsai Ming Liang, Days, sempre a ver. Mulher Oceano da Djin Sganzerla. City Hall do Wiseman, o novo do Jia Zhangke, rever Todos os Mortos, o novo do Sharunas Bartas, embora ele não seja mais o mesmo (que me perdoem os amigos portugueses).

4. – Virou youtuber?

Virei, ué. Dou aulas desde 2007. A cada vez me realizo mais dando aulas. Natural que tenha me habituado a falar sobre cinema e a sentir falta disso. Os vídeos são complementares. Por vezes, exercícios para algo que pode ser aprofundado em texto, embora ainda não tenha acontecido. 5. Ah, sim. Sou contra a abertura dos cinemas. Duas horas numa sala fechada vendo o filme com outras pessoas, sem saber se não são irresponsáveis como a maioria que temos visto se aglomerando a espalhando o vírus? Não, obrigado.

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