Os 30 longas de Brian De Palma

Obsession

Do pior ao melhor:

30. Festa de Casamento (The Wedding Party, 1965)

O primeiro longa é também o mais fraco do diretor. A curiosidade é ver o jovem e bochechudo Robert De Niro.

29. Home Movies (1979)

Tem seus momentos, mas realmente comédia não era o seu forte. O filme termina soando preguiçoso entre dois filmes muito mais fortes como A Fúria e Vestida para Matar.

28. O Homem de Duas Vidas (Get to Know Your Rabbit, 1972)

Após matar o pai Godard em Hi Mom e antes de matar o pai Hitchcock em Dublê de Corpo, De Palma mata Orson Welles numa cena tocante de despedida. Pena que o filme, já com um estilo que depois seria melhor burilado, não funciona o tempo todo.

27. Domino (2019)

Infelizmente desconjuntado, com um clímax (na tourada) menos forte que o habitual do diretor. Mas longe de ser o desastre que pintaram.

26. Dionysus 69 (1970)

Basicamente um ensaio para o uso efetivo do split screen. É também um presente para o ator William Finley, companheiro fiel dessa primeira fase.

25. Quem Tudo Quer, Tudo Perde (Wise Guys, 1986)

Longe de ser o desastre que muitos entendem, é um filme simpático, com momentos hilariantes na primeira metade (o assassinato na igreja, por exemplo).

24. Saudações (Greetings, 1968)

Extremamente talentoso quando antecipa algumas obsessões futuras do cineasta. Irregular quando busca o efeito cômico. Com participação genial de Allen Garfield.

23. Murder a la Mod (1966)

De Palma brincando de ser Godard dentro da vanguarda de Nova York. Muitos momentos já mostram o talento do cineasta em sua juventude.

22. Pecados de Guerra (Casualties of War, 1989)

Uma primeira meia hora muito boa e excelentes últimos minutos engrandecem o filme e deixam uma impressão melhor no conjunto. Todo o miolo na guerra é problemático e irregular.

21. Passion (2012)

Muitas vezes parece o filme de um fã do cineasta. E assim sendo é bem acima da média do que se fez em cinema neste século.

20. A Fogueira das Vaidades (Bonfire of the Vanities, 1990)

Nova tentativa frustrada de fazer uma comédia, mas aqui com os habituais toques de gênio presentes em todos os filmes dele desde Sisters. O plano sequência inicial é exemplar.

19. Hi Mom (1970)

O melhor filme da fase inicial do diretor antecipa algumas de suas obras futuras e o Taxi Driver de Scorsese. De Palma já parece pronto para o ataque.

18. A Dália Negra (The Black Dahlia, 2006)

De todos os filmes noir do cineasta, este é o que mais se aproxima do ciclo original. Mas De Palma, como sempre, entorta algumas coisas com muita habilidade.

17. Síndrome de Cain (Raising Cain, 1992)

O maior pavor vem de um monitor de TV desligado. Isto é De Palma na medula. Filme irregular com muitos toques do gênio.

16. Guerra Sem Cortes (Redacted, 2007)

Retorno ao tema de Pecados de Guerra de uma forma mais inteligente, embora bem distante do estilo habitual do diretor.

15. Missão Impossível (M:I, 1996)

De Palma se exercita novamente num filme cheio de concessões, e consegue, mais uma vez, transformá-lo em uma obra pessoal sobre o que pode esconder uma imagem.

14. Scarface (1983)

O filme da explosão, do calor e do exagero. Somente desse modo pode ser entendido e apreciado. E o talento do cineasta é também desmedido, caloroso, genial.

13. Missão Marte (Mission to Mars, 2000)

O ponto sem retorno. Luc Lagier tem razão: essa cena é um dos momentos mais belos do cinema de De Palma. Outro momento mágico é a dança sem gravidade ao som de Van Halen.

12. A Fúria (The Fury, 1978)

Filme irmão de Carrie, é como se a personagem de Amy Irving herdasse os poderes telecinéticos naquele pesadelo no final do filme de 1976 (novamente, uma ideia de Lagier). “Não quero ser o novo Cassavetes”, disse De Palma no começo dos anos 1960. Mas precisava fazê-lo explodir no final? Sim, pois no filme Cassavetes é o mal absoluto.

11. Dublê de Corpo (Body Double, 1984)

Uma farsa brilhantemente executada. Um cachorro doido dando voltas atrás do próprio rabo. Não contente em ir além de Hitchcock no estudo da imagem, De Palma aqui procura expurgar esse fantasma.

Carrie

10. O Fantasma do Paraíso (Phantom of the Paradise, 1974)

A vingança contra Hollywood, segundo Lagier, pela perda do controle sobre a montagem de O Homem de Duas Vidas. Swan como um Mabuse pós-moderno, com seus mil olhos eletrônicos. E já um filme que mostra como De Palma se utiliza bem de músicas pop em seus filmes.

9. Os Intocáveis (The Untouchables, 1987)

De Palma avança algumas casas na habilidade de fazer uma obra pessoal dentro do esquema hollywoodiano. As concessões não mitigam a força de várias sequências e a sensibilidade geral nos caminhos da trama.

8. Vestida Para Matar (Dressed to Kill, 1980)

Novamente a intenção de ultrapassar Hitchcock no estudo da imagem e do que ela pode esconder. Aqui, a matriz é Psicose. O final da cena do museu certamente representa um dos melhores usos da câmera objetiva que se torna subjetiva na história do cinema.

7. Irmãs Diabólicas (Sisters, 1973)

Segundo Robin Wood, um dos melhores estudos sobre a castração feminina dentro de um sistema patriarcal e opressor. É o primeiro grande filme do cineasta.

6. Femme Fatale (2002)

Primeiro filme europeu do cineasta é um novo portfólio de seu estilo, com tudo arranjado de modo muito inteligente: da câmera lenta ao plano sequência, do split screen ao foco duplo.

5. O Pagamento Final (Carlito’s Way, 1993)

Segundo Luc Lagier, um protagonista desejoso de sair do gênero noir. A impossibilidade desse escape faz deste o melhor dos filmes de gangster de Brian De Palma. Al Pacino está mais uma vez adequado ao tom geral do filme, como em Scarface. E Sean Penn tem uma das melhores atuações de sua carreira.

4. Olhos de Serpente (Snake Eyes, 1998)

O filme que reúne pela primeira vez todos os truques de estilo do cineasta, com um Nicolas Cage inspirado, que precisa modular sua atuação para resolver o caso nos bastidores. Hoje pode parecer previsível a escalação de Gary Sinise como o grande vilão. Mas pelo que lembro, na época não era assim.

3. Um Tiro na Noite (Blow Out, 1981)

A castração de um homem e a substituição de seu falo por um microfone e de seu apetite sexual pela vontade de elucidar um crime. Que esse homem seja interpretado por John Travolta é um dos grandes trunfos do filme. Mas De Palma propõe diversos outros trunfos, e acerta todos.

2. Carrie – A Estranha (Carrie, 1976)

A transformação de um monstrinho acuado numa garota sensual para os padrões tradicionais de beleza. E depois, numa criatura monstruosa, poderosa e vingativa. É também a transformação do filme colegial americano e do filme de horror, ambos os gêneros com seus sinais totalmente distorcidos. Melhor adaptação de Stephen King e um dos melhores filmes de horror de todos os tempos.

1. Trágica Obsessão (Obsession, 1976) Jamais um pastiche de Hitchcock, mas uma investigação sobre a imagem a partir da matriz hitchcockiana (sobretudo Vertigo). Há também Rastros de Ódio (John Ford, 1956) no caldeirão referencial proposto pelo cineasta. No mais, a “segunda esposa” do filme é uma restauradora de imagens que trabalha em Florença. Ela nos ensina que por trás de uma imagem foi achada uma outra imagem. Mais De Palma impossível.

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