9ª Mostra de Gostoso – A Filha do Palhaço

Por Carla Oliveira

A filha do palhaço, no novo filme de Pedro Diógenes, é uma adolescente doce e impulsiva, vivida pela estreante Lis Sutter. O palhaço é um ator, interpretado por Demick Lopes, que se apresenta travestido em shows humorísticos para turistas na capital cearense. A aproximação desses personagens, separados desde que Joana era bem pequena, é o centro desse filme comovente. A menina, prestes a se mudar com a mãe para Goiânia, decide passar uns dias com o pai, contando à mãe que estaria na casa de uma amiga. Renato se separou delas quando se apaixonou por um homem, com quem viveu por muitos anos, até perder seu grande amor em um acidente de trânsito. É também um personagem encantador, com seus defeitos e fracassos.

O grande trunfo do filme de Pedro Diógenes é o de se lançar sem medo em situações com carga melodramática. Difícil não se emocionar. Seus personagens são sólidos e muito bem interpretados, e a construção da relação deles se dá de forma tocante, e também delicada. Ela olha as fotos guardadas pelo pai, assiste aos seus shows, defende-o quando um frequentador do bar o ofende. Ele a leva para escolher maquiagem, consola-a em seu choro adolescente, quando, sem conseguir falar, a menina se desespera por um amor que se desfez. Eles saem à noite, bebem, dançam e fazem novos amigos. São lindas todas as cenas em que Renato se apresenta artisticamente, assim como as que mostram parte da peça performada pelos personagens de Jesuíta Barbosa e Jupyra Carvalho, a qual Renato e Joana assistem. O filme faz uma bela homenagem aos artistas que fazem humor em circunstâncias difíceis. A cena de dança, ao som de uma música de Joanna, também é das mais bonitas, assim como o final do filme, quando há consolo para o choro do palhaço. Do jeito que dá, uma bela família brasileira é reconstruída e aprende a cuidar uns dos outros.

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