O quarto longa de Kurosawa já se inicia sob o signo da repetição. Homens caminham na floresta, e o mais baixo deles (o comediante popular Ekonen) assedia um outro, iniciando sempre com a mesma risada, a qual Kurosawa salienta pela repetição de planos muito parecidos em que ele, após a risada característica, faz alguma observação sobre a andança ou conta alguma história. Essa risada, aliás, será sempre o elemento da percepção de retorno desse personagem, frequentemente desistente porque covarde, um homem comum no meio de guerreiros. A repetição aqui torna-se um procedimento ainda mais radical do que aquele, em A Saga do Judô, em que Sugata encontra repetidas vezes a filha do mestre contra o qual irá lutar, encontros ocorridos na mesma escadaria. Com isso se sobressai também um lado cômico que o cineasta irá explorar em diversos filmes futuros, por vezes com insistência, como em Ralé ou A Fortaleza Escondida.
Esse comediante, diz Donald Richie, foi criação de Kurosawa, que buscou inserir um personagem comum no meio de uma peça medieval representada nos teatros Nô e Kabuki. Segundo Richie, é como inserir Jerry Lewis em Hamlet. E é esse comediante que vai se tornando cada vez mais humano à medida que o tempo passa e que ele percebe que a história que ele contava aos andarilhos, de guerreiros disfarçados de monges para fugir de um tirano, era a que se desenrolava na frente dele. Richie reforça a ousadia de Kurosawa de fazer com que o capitão do bloqueio perceba que eles estão disfarçados e deixe mesmo assim todos prosseguirem viagem. Isso tira o heroísmo do chefe dos guerreiros, que improvisa um sermão a partir de um pergaminho vazio e bate no próprio senhor, então disfarçado de carregador, para afastar as suspeitas de que tivesse sido reconhecido.
O filme foi realizado com pouquíssimo dinheiro, cenários modestos e concentra-se no trabalho dos atores, que conferem à famosa história uma incrível humanidade. Proibido pela censura da ocupação, só foi lançado em 1952.