Indicações para a 43ª Mostra SP

satantango

Há muito tempo não faço indicações para a Mostra SP em meu blog (se é que algum dia eu fiz). De todo modo, desta vez veio a ideia de fazer, pensando nas muitas pessoas que compram o pacote de vinte ingressos.

Esta lista de indicações então terá três partes. Dez filmes essenciais (que já vi e recomendo com muita força), mais dez que são apostas (pois ainda não os vi, mas pretendo ver), e mais cinco brasileiros que ainda não vi, porque é melhor selecionar 25 para ver 20, uma vez que a programação nem sempre permite ver todos os selecionados. Para quem quiser comprar o pacote de 20 (ou comprar ingressos avulsos) e me xingar (ou agradecer) depois.

Aviso aos navegantes: achei a seleção portuguesa pouco inspirada: cadê os filmes da Rita Azevedo Gomes, do Pedro Costa e do José Oliveira? Ainda está em vigor o lance do ineditismo, mesmo com o adiamento do Festival do Rio? Se estiver, é triste para o cinéfilo paulistano.

Se você puder ver apenas 10 filmes na Mostra:

O Jardim das Espumas (Luiz Rosemberg Filho, 1970) – A explosão da juventude. O berro incontido da revolta. Ideias se engalfinhando à procura de espaço.

Crônica de um Industrial (Luiz Rosemberg Filho, 1978) – O filme mais equilibrado do diretor, mas ainda tortuoso, melancólico, com a consciência de um certo fracasso existencial.

Berlim-Jerusalém (Amos Gitai, 1989) – Gitai em seu filme mais inventivo.

Satantango (Béla Tarr, 1991) – Um filme que vale por três ou quatro, dada sua enorme duração. E é obra-prima.

Água Fria (Olivier Assayas, 1994) – Talvez o melhor filme do irregular Assayas.

Crônica de um Desaparecimento (Elia Suleiman, 1996) – Suleiman ainda tateante, de juventude, mas já talentoso.

Intervenção Divina (Elia Suleiman, 2002) – Diretor implacável (Buster Keaton de sua geração) na relação Israel-Palestina.

Phoenix (Christian Petzold, 2014) – Um filme com a principal característica da carreira de Petzold: melhora com o tempo.

Diz a Ela que me Ouviu Chorar (Maíra Bühler, 2019) – O nome poético está à altura de um filme que surpreende pela riqueza do olhar.

Bobo da Corte (Luiz Rosemberg Filho, 2019) – Que belíssimo testamento de um dos diretores que mais se arriscaram no cinema brasileiro.

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Se você puder apostar em mais 10 filmes:

O Farol (Robert Eggers) – Afinal A Bruxa é um belo filme.

Parasita (Bong Joon-ho) – Ter ganhado Cannes importa menos do que a esperança de que algo bom pode surgir desse diretor.

O Paraíso Deve Ser Aqui (Elia Suleiman) – Volta esperada com ansiedade.

O Projecionista (Abel Ferrara) – Terá voltado à forma nosso bravo Ferrara?

O Diabo Entre as Pernas (Arturo Ripstein) – Pela importância do diretor para o cinema mexicano dos anos 70 e 80.

O Fantasma de Peter Sellers (Pater Medak) – Como andará o esteta (nem sempre bem-sucedido) Medak?

Amazing Grace (Alan Elliott) – Por Sydney Pollack, que dirigiu as imagens originais, e por Aretha Franklin, “the queen of soul”.

Family Romance, Ltda (Werner Herzog) – De Herzog podemos esperar tudo. Até mesmo uma obra-prima ou uma bomba.

Passagens (Lucia Nagib e Samuel Paiva) – Dois estudiosos aplicados e inteligentes, desta vez do outro lado dos trabalhos. Vale conferir.

Sibyl (Justine Triet) – Indicação mais pela fenomenal atriz Virginie Efira que pela diretora (que pode surpreender).

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E se quiser apostar em mais 5 brasileiros novos (vistos ou não vistos)

A Jangada de Welles (Petrus Cariry e Firmino Holanda) – It’s All True em crítica social.

Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou (Bárbara Paz) – Babenco era irregular, mas fez grandes filmes. Interessa essa homenagem a ele, feita por quem viveu anos a seu lado.

Banquete Coutinho (Josafá Veloso) – Investigação sobre o cinema de um grande realizador.

Sete Anos em Maio (Affonso Uchôa) – Uchôa novamente solo, após Arábia.

Enquanto Estamos Aqui (Clarissa Campolina, Luiz Pretti) – Visto em Curitiba, no Olhar de Cinema. Uma espécie de News From Home (de Chantal Akerman) atualizado e mais modesto.

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Obs.:  A Vida Invisível tem estreia marcada para 31 de outubro, segundo o Filme B. A menos que você goste de filas, vale esperar. Já vi Chão e Casa, ambos recomendáveis. Outros filmes chegam já com elogios, a conferir: Pacarrete e Raia 4.

Atualização: A Vida Invisível teve estreia adiada para 21 de novembro.

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