Meus 20 filmes preferidos de 2019

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20 filmes lançados em circuito comercial no Brasil em 2019

  1. Amanda (Mikhael Hers, 2018)

A poesia brota das pequenas coisas, dos detalhes, como nos filmes de Rohmer, embora esteticamente diferente. Podemos nos identificar com a pequena Amanda, ou com o tio, ou com os dois e com a situação que enfrentam. E é impossível esquecer o momento “Elvis has left the building”.

– texto: https://sergioalpendre.com/2019/07/14/amanda/

  1. Fim da Viagem, Começo de Tudo (Kiyoshi Kurosawa, 2019)

Conhecer um outro país, uma outra cultura, para se conhecer melhor. E se conhecendo melhor, prepara-se para perseguir um sonho. Kiyoshi Kurosawa continua no topo de sua arte.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/09/kiyoshi-kurosawa-faz-seu-melhor-filme-desde-sonata-de-toquio-de-2008.shtml

  1. O Paraíso Deve Ser Aqui (Elia Suleiman, 2019)

Um ator/autor em seu melhor filme. Elia Suleiman entende que o mundo está regido pelo absurdo, e por esse motivo não há lugar melhor que o seu próprio lugar. Monta-se um bunker e espera-se a procissão dos malucos passar.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/10/autor-personagem-elia-suleiman-mescla-humor-e-politica-em-seu-melhor-filme.shtml

  1. Ad Astra (James Gray, 2019)

Filme um tanto incompreendido no Brasil, de um diretor que parece inquieto, por vezes indeciso, mas com um talento raro para alternância de registros e gêneros. A perseguição até o lado escuro da lua é um achado, assim como a ideia de capitalismo chegando ao espaço (não é nova, mas foi muito bem representada). As duas outras cenas de ação são desiguais (a do macaco selvagem é interessante, e a da entrada na nave é um momento forçado do filme), mas a primeira metade é tão forte como o melhor que Gray já nos deu.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/09/protagonizada-por-brad-pitt-saga-espacial-ad-astra-atualiza-odisseia-de-2001.shtml

  1. Era uma Vez… em Hollywood (Quentin Tarantino, 2019)

Pela primeira vez Tarantino acerta em cheio em sua mania de correção histórica, talvez porque aqui ele trabalhe com a tragédia de poucas pessoas (Sharon Tate e seus amigos), não com temas ainda mais espinhosos como racismo e nazismo. Mesmo assim, não é fácil fazer essa operação sem tocar no ridículo.

– texto: https://olhardigital.com.br/cinema-e-streaming/noticia/resenha-era-uma-vez-em-hollywood/89566

  1. Imagem e Palavra (Jean-Luc Godard, 2018)

Godard, do alto de sua majestade em cinema, toca o “danem-se” e nos ensina a fazer cinema crítico e irreverente como poucos hoje são capazes de fazer. É, também, mais um capítulo de sua História(s) do Cinema.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/03/e-impossivel-entender-totalmente-um-filme-de-godard-e-essa-e-sua-forca.shtml

  1. A Mula (Clint Eastwood, 2019)

Como quase todos os filmes de Clint, este também cresce com a revisão. A parte problemática é a festa na casa de Andy Garcia. Na revisão, o problema quase desaparece. Rápido, com cortes ousados e a mesma ambiguidade de sempre. Não imagino um outro cineasta branco fazendo uma cena como a do jovem descendente de imigrantes se sentindo ameaçado na batida policial (e sua dificuldade em colocar o cinto: um plano brilhante). Clint não foge das questões cruciais de nossos tempos, observando-as de perto.

  1. Fourteen (Dan Sallitt, 2018)

A poesia nas pequenas coisas, como em Amanda. Um filme que cresce na segunda metade, como Amanda. A reação de uma criança diante da morte, como em Amanda. As semelhanças param aí. Mas este filme de Sallitt é de primeira. Enfim, mais uma semelhança.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/08/incrivelmente-realista-fourteen-acompanha-amizade-entre-duas-jovens.shtml

  1. Amor Até as Cinzas (Jia Zhangke, 2018)

Jia revê seus longas de ficção recentes, mas também retorna a Em Busca da Vida para entender as mudanças na China dos últimos anos. Nesse sentido, é uma atualização de Plataforma, longa de 2001 que cresce horrores em revisões.

  1. Bacurau (Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho, 2019)

Percebe-se no que Kleber evoluiu como cineasta e no que seu trabalho foi ajudado por uma instância crítica, a de um codiretor igualmente talentoso (e também bom em curtas). Uma parceria entrosada para um filme de longa gestação (o que talvez explique o ótimo entrosamento).

– texto: https://olhardigital.com.br/cinema-e-streaming/noticia/bacurau-e-triunfo-do-cinema-brasileiro/89969

  1. Se a Rua Beale Falasse (Barry Jenkins, 2018)

Belíssimo filme de Jenkins, muito superior ao badalado Moonlight.

  1. Diz a Ela Que Me Viu Chorar (Maíra Buhler, 2019)

Filme duro, formalmente inteligente, com um olhar atento para nossa desgraça atual.

– texto: https://sergioalpendre.com/2019/06/08/olhar-de-cinema-dias-1-e-2/

  1. Ama-San (Claudia Varejão, 2018)

Três mergulhadoras em um filme de rara e justa beleza plástica.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/01/ama-san-mostra-a-beleza-do-cotidiano-de-mergulhadoras-do-japao.shtml

  1. 3 Faces (Jafar Panahi, 2018)

Qual é a estratégia necessária para se fazer notar neste mundo cheio de subcelebridades? Paixão, intolerância e desespero na fronteira da Turquia com o Irã.

  1. A Noite Amarela (Ramon Porto Mota, 2019)

O horror que partilha o enquadramento.

– texto: https://sergioalpendre.com/2019/06/09/olhar-dia-3-a-noite-amarela/

  1. O Clube dos Canibais (Guto Parente, 2019)

O horror cartunesco da elite brasileira.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/10/o-clube-dos-canibais-convida-ao-suspense-com-trama-de-filme-trash-tratada-com-elegancia.shtml

  1. Assunto de Família (Hirokazu Koreeda, 2018)

Ligeiramente superior (e menos badalado) que Parasita.

  1. Um Amor Impossível (Catherine Corsini, 2018)

Virginie Efira é um assombro de atriz e de caso de amor com a câmera. Corsini é uma diretora de rara sensibilidade.

– texto: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/08/atriz-e-grande-destaque-de-longa-frances-sem-ofuscar-o-drama.shtml

  1. Parasita (Bong Joon Ho, 2019)

Um tanto superestimado (quanto disso não é por causa da Palma e dos Cahiers du Cinéma?), e um degrau abaixo de O Hospedeiro, mas ainda assim é forte na maior parte do tempo.

  1. Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar (Marcelo Gomes, 2019)

Gomes se reencontra muito bem no documentário.

– texto: https://sergioalpendre.com/2019/07/10/estou-me-guardando/

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+   Um filme aula: Varda por Agnès (2018), de Agnès Varda

+   Um filme/show farsesco: Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese (estreia da Netflix)

+   Um filme não lançado: A Portuguesa (2019), de Rita Azevedo Gomes

+   Um lamento: não ter visto Abaixo da Gravidade (Edgard Navarro).

+   7 filmes que quase entraram nos 20 (e num ano mais fraco teriam entrado):

Vice, Temporada, Inferninho, Toy Story 4, Nós, O Irlandês, Dor e Glória.