Hierarquia mizoguchiana

akasenchitai

Incapaz de rankear os filmes de Mizoguchi, divido-os em grupos. E dentro desses grupos, o rankeamento também se torna quase impossibilitado. Porque a cada série de revisões, um filme desponta como soberano, melhor de todos os tempos, filme único para a ilha deserta. O desta vez foi Rua da Vergonha (foto acima), que antecipa a Nuberu Bagu (a nouvelle vague japonesa) e é um dos filmes mais cruéis e tocantes que existem.

O conceito de obra-prima, para os mais rigorosos, impõe a escolha de apenas uma, a maior obra de um autor, sua obra-prima. Com alguns diretores (Mizoguchi, Ford, Buñuel, Hitchcock) isso cai por terra. Se Mizoguchi não tiver pelo menos umas 15 obras-primas em sua carreira, o cinema não nos terá dado mais do que 30. Como o cinema nos deu mais de 30 obras-primas, é certo que Mizoguchi tem pelo menos 18, as apontadas abaixo (cheguei a esse número espontaneamente, e à divisão em partes iguais, também – descontando aí revisões menos entusiasmadas que podem ser revertidas no futuro e filmes perdidos).

Minha divisão leva em conta alguns estágios de obra-prima (puristas, podem se horrorizar). O cineasta em questão merece.

  1. OS MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS

São aqueles filmes que provocam síncopes, levam ao choro, ao estremecimento das pernas, à emoção incontida. Filmes que permitem a afirmação: “Mizoguchi é o maior de todos”. Em ordem cronológica, seriam os seguintes:

Conto dos Crisântemos Tardios (1939)

Senhorita Oyu (1951)

Oharu – A Vida de uma Cortesã (1952)

Contos da Lua Vaga (1953)

O Intendente Sansho (1954)

Rua da Vergonha (1956)

  1. AS OBRAS-PRIMAS ABSOLUTAS

Estão num patamar ligeiramente inferior ao dos filmes acima, mas seriam, ainda assim, obras essenciais, que qualquer pessoa deve ver. E se for estudante de cinema, deve ver uma vez por semana:

As Irmãs de Gion (1936)

Os 47 Ronin (1941-42)

A Mulher Infame (1954)

Os Amantes Crucificados (1954)

A Imperatriz Yang Kwei Fei (1955)

A Nova Saga do Clã Taira (1955)

  1. AS OBRAS-PRIMAS

Filmes magníficos, estupendos, merecedores de superlativos, que pouquíssimos conseguem fazer. Um deles é Mizoguchi, que ousou fazer 12 ainda melhores que estes:

A Decadência de Osen (1934)

Elegia de Osaka (1936)

Utamaro e suas Cinco Mulheres (1946)

O Destino de Madame Yuki (1950)

Senhora Musashino (1951)

Os Músicos de Gion (1953)

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