Vários alunos me recomendaram o segundo John Wick. Disseram que o diretor se preocupa mais com a coreografia nas cenas de luta do que com a imersão preguiçosa do espectador no meio da ação, e é verdade. Existe um artesanato ali quando eles resolvem esquecer as armas de fogo e partem para a luta corporal, o rala-e-rola desses marmanjos bombados que mal desconfiam dessa atração que sentem pelo corpo do outro.
Chad Stahelski tem muito mais noção de como filmar cenas de ação do que Paul W.S.Anderson ou Christopher Nolan, outro que os alunos costumam adorar (ao menos nos inícios de curso). E os diversos espelhamentos do filme, culminando na divertida sequência na sala de exposição das reflexões, espelham também a maneira como o diretor comenta sua própria condição.
Sob esse ponto de vista, me parece haver só uma maneira de encarar John Wick 2 sem achar que está perdendo um tempo valioso: como uma sátira ao cinema de ação hollywoodiano atual. E uma sátira feroz, mesmo se inconsciente. De que forma encarar a ideia, tornada explícita no final, mas já bem sensível durante o filme, de que a maior parte da população das grandes cidades consiste de assassinos profissionais?