O fim de uma experiência

positif

Na Positif de dezembro, Christian Viviani reclama dos espectadores das salas de cinema. Diz que entram atrasados e fazendo barulho, com os celulares usados como lanterna para procurar lugar, e ainda conversam o filme inteiro. Não vou entrar na ladainha de primeiro mundo e tal, porque gente grosseira existe em todos os lugares. Mas a França tem uma tradição de salas de cinema que nos faz pensar em templo, na ideia de entrar para ver um filme com calma e se refugiar do barulho das ruas. Se até lá os espectadores se portam como gado, imagino mesmo que a experiência de ver um filme em sala de cinema esteja chegando ao fim, pelo menos a experiência prazerosa, de conseguir tal imersão que nada mais importa. Já faz um tempo que prefiro ver filmes em casa, desde que com boa imagem (e frequentemente a imagem dos links ou dos dvds é melhor do que as projetadas em salas de cinema). Consigo geralmente maior imersão, e se por acaso me distrair, posso voltar e retomar a fruição com calma. Posso até parar se sentir que minha concentração está baixa e ver do início no dia seguinte, ou em outro momento do dia. O que não dá é para pagar o cinema, sentar na poltrona e cinco minutos depois ter um sujeito apontando uma luz para sua cara, sem que ele queira te interrogar por suspeita de algum crime. Ou ver alguém à sua frente conferindo o celular de cinco em cinco minutos, sem a menor preocupação de esconder a luz, u sequer diminuí-la. Claro que isso é bem pessoal. Conheço quem entre num modo autista e não percebe nem os pontapés de quem está atrás, ou as conversas paralelas dos boçais. Mas eu não sou assim, principalmente porque dá revolta ver gente que não está nem aí para o outro, ou perceber que o mundo não é dos espertos (e não deveria ser mesmo), é dos idiotas.

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