Aspas para o mestre Joel Yamaji:
“Vi ontem o tal do “Joaquim”. Tem coisas bem intencionadas mas é fraco, na construção das personagens, no uso da câmera na mão o tempo todo. Os caras de hoje acham que se pode fazer câmera na mão à revelia, de qualquer jeito, apenas numa estratégia de produção ou estética. Acontece que, por exemplo, nos anos 60 e até 70, tinha-se o Dib Lutfi ou até o José Antonio Ventura. Não é qualquer um que pode fazer uma boa câmera na mão, ainda mais essas câmeras portáteis de hoje em dia. Fica indecente. Pior: se, por exemplo, em “Os Fuzis”, “Terra em Transe”, até o “Guerra Conjugal”, a câmera na mão sempre apontava para algo interessante, a favor de uma mise-en-scène construída, aqui, no caso, a partir de determinado momento, a câmera fica apenas nos esgares dos atores. Depois esse uso do tempo lento, da ausência de música, no desenho de som calcado somente no som direto e nos ruídos, esse pseudo-cinema direto aqui copiado sem consistência interna, onde tudo soa como projeto político ou de boas intenções mas sem senso estético, sem intuição da criação, esse academicismo do moderno europeu, domesticado pela França, e que anda matando o cinema brasileiro!”
Impossível eu concordar mais com esse trecho de um email mandado por ele. Ele traduziu em melhores e mais precisas palavras boa parte do que tenho escrito sobre o cinema brasileiro recente. Joel tem me ensinado muito, tem filmado mais ou menos com regularidade (pouquíssimo visto, como quase tudo que tem de bom no Brasil). Feliz o aluno que tem aulas com ele. Feliz o amigo que tem aulas informais com ele em mesas de boteco.