Na revisão de vários filmes de Nagisa Oshima, mudou consideravelmente o entendimento que eu tinha de seu percurso cinematográfico. Até este ano, considerava suas melhores fases as que compreendiam os anos de 1960 e 1961 e os anos de 1967 e 1968. Agora, considero que seu ápice se deu entre 1969 e 1971, principalmente pelos filmes das pontas, o primeiro e o terceiro que realizou nesse período: O Garoto e Cerimônias, tendo um belíssimo O Homem que Deixou seu Testamento em Filme no meio.
Muitos podem argumentar que esses dois filmes da ponta são mais palatáveis para um circuito de “cinema de arte” (não gosto da expressão, nem do conceito, mas uso aqui para facilitar o entendimento), que já começava a se fortalecer naquela época. É verdade. Mas esses filmes mostram uma maturidade que faltava nos períodos anteriores, mesmo nos melhores filmes. Cerimônias é impressionante, todo estruturado em flashbacks e cerimônias para entendermos o desfacelamento de uma família. Não encontrei nada sobre, mas poderia apostar que Oshima pirou em Os Deuses Malditos, de Luchino Visconti, que me parece ser a maior referência para seu maravilhoso filme.
O Império da Paixão é outro belíssimo filme e é ainda mais formatado para um circuito de arte já fortalecido em 1978. Mas continuo não engolindo Furyo (ainda mais formatado), apesar de reconhecer nele belos momentos.
Para aqueles que esperam ansiosamente, como eu, pelo novo longa de Scorsese, O Silêncio, vale ver ou rever o longa que Oshima fez em 1962 sobre o período de perseguição dos cristãos no Japão, durante a era Tokugawa. Chama-se O Rebelde, e é o décimo colocado em minha lista (e o responsável por deixar filmes belíssimos como Canções Lascivas do Japão, Túmulo do Sol fora dos dez mais, pelo menos nesta semana).
1) Cerimônias (Gishiki, 1971) – foto
O Garoto (Shonen, 1969)
3) Noite e Névoa no Japão (Nihon no Yoru to Kiri, 1960)
4) O Enforcamento (Koshikei, 1968)
5) Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês (Muri-Shinju: Nihon no Natsu, 1967)
6) A Presa (Shiiku, 1961)
7) Três Bêbados Ressuscitados (Kaette Kita Yopparai, 1968)
8) O Homem que Deixou seu Testamento em Filme (Tokyo Senso Sengo Hiwa, 1970)
9) Conto Cruel da Juventude (Seishun Zankoku Monogatari, 1959)
10) O Rebelde (Amakusa Shiro Tosikada, 1962)
Vendo as sinopses me parece um cineasta absurdamente interessante (msm que não seja essencial, suponho que não pq nunca ouvi falar). Gostaria de saber as características marcantes do cinema dele e quais filmes da lista estariam próximos de serem obras primas?
é essencial, sim.
Sérgio, desses filmes do top 10, quais seriam as obras-primas de Oshima? O que achas de ‘O império dos sentidos’?
Gosto de O Império dos Sentidos, embora prefira O Império da Paixão.